A mulher do século XXI : estamos realmente empoderadas de conhecimento para tantos desafios? Há realmente espaço para a mulher..... será que o "poder feminino" incomoda?
Comprovado. Os homens se uniram para derrubar uma das maiores representantes femininas do nosso país.
Segundo a escritora americana Dorothy Parker (1863- 1967) " Mulheres e elefantes nunca esquecem". Mas vendo a conversa de algumas mulheres esta semana, vi que não é uma regra. Na conversa acabavam com todo sentido da luta pelos direitos femininos que se fez valer até os dias de hoje quando disseram: " tem que tirar essa mulher de lá".
E comprovou-se que mulher realmente não se une para defender a outra ( ao contrário dos homens), como sugere a célebre frase de Luiz XIV, rei da França denominado o Rei Sol (1638-1715) que disse: " É mais fácil reconciliar a Europa inteira do que duas mulheres".Porque até os dias de hoje mulheres não se defendem ? O que faz a disputa entre si ser maior e mais interessante do que a união de forças?Porque engrossam o coro do enfraquecimento da imagem do poder feminino e preferem incorporar atitudes contrárias a emancipação feminina e ajudar a empurrar para a marginalização histórica que condicionou a mulher desde a destituição do Direito Materno* de onde não conseguiu mais alçar os patamares que tinham concretizados?
Como você mulher está sentindo com isso? Mas uma vez está sendo usurpado uma vitória que levou tanto tempo para ser conquistada. Precisamente no dia 3 de maio de 1933 na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, a mulher brasileira, pela primeira vez na história nacional ,votou e pode colocar-se em disputa para ser votada. Você pensou: " Pouco tempo, né?"
É isso mesmo, a apenas oitenta e dois anos que a mulher brasileira conseguiu ter voz e ser ouvida frente aos mais de três séculos de espera para conseguir tirar do papel e colocar em prática o direito da mulher fazer parte das decisões eleitorais no país com seu voto e o direito de sair disputando, que só se concretizou após a aprovação do Código Eleitoral de 1932.
Após um pouco mais de oito décadas do registro da primeira eleitora, as mulheres tornaram-se supremas na totalidade dos votantes nas eleições gerais de 2010, sendo 51,82 % dos 135 milhões do eleitorado composto pelas mulheres.
A Lei nº 9.100/1995 ( que estabelece normas para realização das eleições) que foi usada como diretriz na execução das eleições de 2006, trouxe um grande avanço para o gênero feminino determinando que 20% no mínimo das vagas de cada partido ou coligação deveriam ser preenchidas por candidatas mulheres. A Lei nº 9.504/1997 que estabelece as Eleições, fez valer a determinação que na disputa eleitoral de 1998 o percentual mínimo de cada sexo fosse de 25% e posteriormente a lei estabeleceu em 30%, no mínimo, a candidatura de cada sexo.
No ano de 2009, a reforma eleitoral inserida pela Lei n° 12.034 implementou novas medidas na Lei dos Partidos Políticos (Lei n° 9.096/1995), fomentando a promoção e difusão da participação feminina na política, uma delas foi a deliberação de recursos do Fundo Partidário serem investidos na criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres segundo o percentual fixado pelo órgão nacional de direção partidária, apreciando o mínimo de 5% do total.
Essa reforma exigia ainda que a propaganda partidária gratuita deveria ofertar e propagar a participação política feminina, zelando ao gênero feminino o tempo determinado pelo órgão nacional gestor partidário, contemplando o mínimo de 10%.
A frente de seu tempo o estado do Rio Grande do Norte foi o estado pioneiro no reconhecimento do voto feminino. Foi o Rio Grande do Norte que em sua Lei Eleitoral do Estado de 1927 determinou no artigo 17 que: “No Rio Grande do Norte, poderão votar e ser votados, sem distinção de sexos, todos os cidadãos que reunirem as condições exigidas por esta lei”.
Com essa norma, mulheres das cidades de Natal, Mossoró, Açari e Apodi alistaram-se como eleitoras em 1928 e como não poderia ser diferente também no Rio Grande do Norte, que aconteceu a eleição da primeira prefeita do Brasil. Em 1929, Alzira Soriano torna-se prefeita na cidade de Lages.A primeira mulher latino americana a ser eleita prefeita também ganhou destaque no " The New York Times" na época.
E coincidentemente perdeu o seu cargo com pouco tempo( foi eleita em 1º de janeiro de 1929 e foi deposta na vigência da Revolução de 1930) por não concordar com as normas da ditadura do governo getuliano.
Será um retrocesso da política brasileira que vivencia-se nesse momento? Será mesmo que se deve reportar todas as mazelas na política a uma só pessoa? Será que o "poder feminino" conquistado não está atrapalhando interesses partidários particulares? Toda essa união de forças é realmente para o bem do Brasil ? Ou para interesses particulares...
Você consegue ver a situação em um giro de 360 graus? E depois desse giro, ainda vai conseguir ver a situação com o mesmo olhar? Ainda vai continuar a aceitar as notícias parciais ou vai ter a sua própria?????
Pense, pesquise, colabore , compartilhe e comente a sua opinião.
Obs: * Direito Materno de Bachofen: estudo apontado por Engels (1884) que mostra que segundo Bachofen devido a promiscuidade da época, não podia se afirmar a paternidade masculina, podendo somente ser afirmada a maternidade feminina e portanto a descendência era contada a partir da linhagem feminina. Por esse fato as mulheres eram tratadas com grande apreço e respeito tendo o domínio absoluto na época. Devido às mudanças econômicas ocorridas durante os séculos, quando o homem conseguiu aumentar suas riquezas com o seu trabalho, para garantir a permanência de seus bens dentro de seus domínios, destituiu-se o direito materno e passou-se o poder de mando para o homem, onde a partir daquele momento a mulher passou a ser parte da "propriedade" do homem juntamente com seus empregados e bens, perdendo absolutamente o poder que tinha e nunca mais conseguindo chegar a ter essa mesma importância até os dias atuais. Ver mais: Engels: A origem da família,a propriedade privada e o Estado.
Fontes: Disponível em:http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2013/Marco/ha-80-anos-mulheres-conquistaram-o-direito-de-votar-e-ser-votadas.Acesso em 25/09/2015.Disponível em: http://lajes.rn.gov.br/especial-alzira/Acesso em 23/09/2015. Disponível em: http://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/lei-das-eleicoes/lei-das-eleicoes-lei-nb0-9.504-de-30-de-setembro-de-1997. Acesso em 24/09/2015.
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